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À gbó à tó àsure Ìwòrìfún!

(que você possa ter uma vida longa com a benção de Ìwòrìfún)

Nesta nova postagem, tratarei de assuntos como a Existência de Deus neste culto africano, quem parece ter sido Òrúnmìlà – segundo fontes como a Universidade de Lagos e estudiosos como Frobenius e Boltroer – e sobre as iniciações em Ifà.

Deus e Ifà

Ifá, Candomblé e Umbanda são religiões monoteístas. O nome de Deus varia de acordo com a região e/ou nação. Bem como Deus é denominação em português, God em inglês, Dieu em francês,  神 no japonês; ou ainda, como a bíblia mesmo relata diferentes aparições de Deus sob nomes diversos: Emanuel, Jeová, etc. Em Ile Ife e Ode-Remo chamam-No de Olodumare, nas regiões predominantemente bantu Seu nome é N’Zambi.


As demais deidades são consideradas divinas – e não deuses – porque descendem de Olodumare diretamente, sem interações carnais.


As três maiores manifestações Divinas de sua tríplice – também há uma idéia de trindade em Ifà – são: Olodumare, Ori-Nsala e Ela.

  • Olodumare é a manifestação de Deus em que Ele aparece como Regente Universal;
  • Ori-Nsala, Obatala ou Ajala, é sua manifestação como criador dos seres humanos na Terra;
  • Elá é como ele se manifesta na revelação oracular.


Para todo e qualquer ritual que se faça em quaisquer dessas religiões, prescinde-se invocar e evocar a Deus, pois sem Sua autorização, nada é possível e, mesmo o que não deva ser possível naquele momento, só o é, porque Ele assim o desejou, razão também para dignificá-Lo.

A Origem de Òrúnmìlà

Se Ifà é um conglomerado de sistemas oraculares africanos, Òrúnmìlà é o patrono dos babalawos – sacerdotes de Ifá – e a manifestação de Deus no oráculo e na formação do destino dos seres humanos. Muitas controvérsias cercam-No quando se tenta remontar sua origem. Embora todas as cidades que O cultuam reclamem ser sua terra natal – uma luta desnecessária que cerca vultos históricos como Alexandre, o Grande, Gengis Khan entre outros – todas são unânimes quanto a sua existência na Terra, naturalmente. Foi Ele quem escreveu os versos oraculares que montam a base moral iorubá e que contém, em menor importância religiosa, alguns fatos históricos, como reais registros daquelas nações.


Não vejo razões satisfatórias para defender ou afirmar nenhuma das reclamações nativas sobre o nascimento ou permanência Dele. Mesmo porque, os versos apresentam uma infinidade de locais pelos quais passou e residiu, o que, a meu ver, tornaria leviana qualquer defesa ou afirmação sobre o tópico.


O certo é que  Òrúnmìlà Ifà não é Orísà, mas um Irunmole, um dos seres primordiais divinos, recebeu de Olodumare a responsabilidade e o conhecimento necessário para modificar as forças dos Odu’s dos seres humanos através da manipulação de forças – não das energias -  e, por conta de Seu caráter e amor à humanidade, recebeu do Criador o conhecimento e a perícia necessárias para ajudar-nos. Assim como Ele, seus sacerdotes devem tornar-se peritos em herborismo – prática especializada na manipulação de ervas -, necromancia – habilidade de comunicar-se e manipular forças do post mortem -, levar uma vida sob as regras do bom caráter e da paciência, sempre aprimorando seus conhecimentos.

Iniciações em Ifà

A primeira iniciação de Ifà tem como maior objetivo positivar-nos através do culto – geralmente quinzenal – que efetuamos em nossos igba’s Ifà e Èsù Ifà que nos são dados imediatamente após nossa iniciação, com as devidas rezas (Ofo’s) e as indicações acerca dos itens que os alimentarão.


Esse culto é de inteira responsabilidade individual, uma vez que os igbá’s ficam conosco em nossa casa. Ou seja, uma vez iniciada a pessoa, para seu bem estar e positividade, precisa manter acesa a Força nascida em seu Orí e em seus igba’s, preservando o Asè de seu nascimento no instante de sua iniciação. Naturalmente, energias que podem negativar o iniciado podem não afastar-se por suas próprias rezas, neste caso, deve procurar recomendações sacerdotais.
Toda Fé parte de certezas e, portanto, é imprescindível que ao iniciado, o sacerdote explique as razões pelas quais são ofertadas certas coisas aos igba’s, sua sequência e os porquês de cada ato.

Existem duas formas de iniciação:



  1. Iniciação Comum = “OMO IFÀ” = Filho(a) de Ifà
  2. Iniciação para sacerdote = “OMO AWO  IFÀ” = Filho do Segredo de Ifà



Iniciação comum, chamada de Isefa, é a primeira etapa iniciática que toda e qualquer pessoa realiza para cultuar Òrúnmìlà Ifà. Esta iniciação ocorre independente da continuidade em iniciações da pessoa ao culto de Ifá, mas precisa de Òrúnmìlà para mostrar o caminho em sua vida. Podendo ser criança ou adulto, do sexo masculino ou feminino, hetero ou homossexual, não existindo nenhuma restrição quanto a esses dados no Isefa.



A iniciação para Òrúnmìlà é feita durante o tempo mínimo de 3 (três) podendo chegar a até 17 (dezessete) dias, sendo que no terceiro dia (ITA-FA), Òrúnmìlà Ifà revela qual o odu da pessoa. Esta passará a ser um(a) Omo Ifa, e é através deste odu que o babalawo poderá determinar os etutus (oferendas) que esse(a) Omo Ifa, receberá, o Òrukò (nome) que esta passará a ser chamada no culto, além das restrições contidas no odu que deverão ser respeitadas para evitar negatividades espirituais agravadas.

A este tipo de iniciação podem submeter-se todas as pessoas. Visto que, tanto umbandistas, candomblecistas, maçons, xintoístas, quanto cristãos e muçulmanos, dirigem-se ao babalawo para pedir a iniciação. Isto porque, para Ifà, o que importa é que encontremos Deus onde quer que nosso Orí – consciência/cabeça – diga-nos onde O encontrar. Toda filosofia, dogma ou rito é um complemento que, cada qual deve seguir de acordo com suas necessidades. Afinal, já em Ifà, vemos que a multiplicidade da persona de seres humanos é numerosa, tendo em vista a combinação de Odú’s , Orisà’s e Ancestrais, a posição hierárquica que ocupam na formação de nosso Orí, além, naturalmente, da própria maneira como convivemos com as pessoas e da forma como encaramos nossas experiências cotidianas.

Esta é a segunda iniciação de Ifà e está relacionada à continuidade aos estudos mais aprofundados do culto. É aqui que o Omo Ifà passa a ser Awofa, ou seja, “filho para o segredo de Ifà”.


Aqui, o iniciado recebe um outro odu que se refere ao seu processo sacerdotal. Suas responsabilidades não mais limitam-se a si mesmo, como ocorria no Isefa,  mas à comunidade, àqueles que o procuram e, onde as exigências de Òrúnmìlà tornam-se maiores. Esse novo sacerdote será reconhecido na Egbé Bàbálawo, deverá conhecer os instrumentos divinatórios, sobre os 256 odu’s e seus itan’s(histórias), seus oogun(magias), ofo’s(rezas), Ewe’s(folhas), etc. Com muita paciência, depois de muito tempo, sob muito trabalho e nunca sozinho, o awofa se torna um babalawo. Um profundo senso de Awo Mimo(senso familiar religioso) precisa acompanhá-lo, pois é indispensável na execução de seus serviços e como meio de sempre renovar seus conhecimentos. Com o tempo determinado por Ifà, o sacerdote recebe seu Opa Osun – tipo de bastão de poder do babalawo – e seu Igba Odu,– o Útero Sagrado da Terra – podendo ser um dia um Oluwo.



 

Esta iniciação – embora haja muitos ditames discordantes – possui interditos específicos.


Em nosso próximo post, direi mais acerca das razões pelas quais há essas restrições e, outras matérias.


Que Olodumare Abençoe a todos, Asè!


Ire o (sorte a todos).

Itefa

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